quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

POEMA DE NATÁLIA CORREIA

Num mês em que o amor anda no ar, aqui vai uma homenagem a um grande amor.

ROMANCE DE D. PEDRO E DONA INÊS

Era seu colo de neve
tocado daquela graça
do contorno mais breve
onde o conflito se enlaça.

Morta, em sua fronte uma constelação
era presságio de ritual macabro
duma coroação.

O que bebera em sua carne a claridade
que dos deuses escorre para a mais pura taça

partiu com mãos de tempestade
apressando com ira
e com desgraça
a fatalidade que os ungira.

E só parou quando mudo no espanto
onde o enlevo da morte se adivinha
O fim do mundo ficou esperando
aos pés da mais fantástica rainha.


Natália Correia (1923-1993)
in, Poemas

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